Um Tesouro para partilhar

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Outubro é o mês das missões. Ao longo dos seus dias, dedicamo-nos à oração por todos aqueles que hoje, algures no planeta, cumprem o mandato de Jesus a todos os cristãos. De irem pelo mundo fora a anunciar a boa notícia e a batizar todos quantos abrirem o seu coração à voz de Deus. Ele estará sempre connosco. Neste sentido, não se trata unicamente de um mês para rezar. Mas também para cada um tomar consciência de si e do seu papel como membro da Igreja. D. Rui Valério tem insistido que importa revalorizar entre os fiéis portugueses o ardor pela evangelização, como tivemos outrora. Em que é que consistiu tal ardor?
Creio que nos enriqueceria bastante, neste mês das missões, passarmos os olhos pelo livro “Silêncio”, do escritor japonês Shusaku Endo. Ou pelo filme do realizador Martin Scorsese, inspirado na mesma obra literária. Deparamo-nos com dois jesuítas, vindos de Portugal, que, em pleno século XVII, entrando em território nipónico, se debatem com o drama da perseguição. Não esqueçamos que os cristãos japoneses guardaram durante cerca de 250 anos o tesouro do Cristianismo, numa absoluta ausência de sacerdotes. Eram leigos, homens, mulheres e crianças, que viviam a fé em família e entre famílias. A um dado momento do romance de Endo, entendemos que os perseguidores chegam à conclusão do cerne de ser cristão: o amor. O protagonista, um dos jesuítas, vê-se então sujeito à tremenda decisão entre a apostasia para salvar os seus irmãos em Cristo ou não desistir e vê-los perecer da pior forma. De facto, o amor será sempre a marca mais decisiva da identidade de um crente em Jesus. E, já agora, a forma mais eficaz de evangelizar.
Detendo-nos nos grandes testemunhos de missão, de ontem e de hoje, entendemos que não há como ficar parado. Pois hoje (e cada vez mais) o nosso país é terreno de missão. A saída de nós mesmos para falar de Cristo já não tem que consistir na partida para outros continentes. Basta abrirmos a porta de casa e sairmos à rua para nos depararmos com um mundo que carece de Cristo. Tantos hoje precisam de O conhecer como nós O conhecemos. Somos pequenos e o que trazemos connosco é enorme. Como afirma São Paulo, somos vasos de barro que carregam o maior tesouro.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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