Divagando

João Maurício
Professor de História aposentado

Fruto de décadas de investigação histórica, consegui publicar três livros relacionados com a História da Benedita. Foram momentos de alegria, mas também de algumas desilusões. Contas de outro “rosário”.
A verdade é que esta caminhada vai longa e como diz o povo “tudo tem um fim”. Por isso arrumei numa gaveta, vai para três anos, centenas de folhas soltas, cheias de apontamentos sobre a história da terra onde nasci. Já tinha interiorizado que esses textos ficariam ali para sempre.
Fui-me desligando do mundo dos jornais, atividade que exerço há sessenta anos. A minha única e atual colaboração vai acontecendo esporadicamente, no jornal online ribatejano “Comércio e Notícias”. Mas aí, a temática é outra.
Por pressão familiar longa e persistente e após uma profunda reflexão, resolvi debruçar-me sobre aquelas folhas gastas pelo tempo.
A base desses apontamentos tem a ver com a História da Paróquia da Benedita: são quase quinhentos anos que estão por estudar. Deixo aqui um desabafo. Causa-me estranheza que pessoas ditas devotas e que se consideram “bairristas” e com preparação académica, (algumas já desaparecidas), nunca tenham escrito nada sobre este interessante tema.
Por isso, resolvi voltar a escrever outro livro que irá chamar-se “História da Paróquia da Benedita”. Será um projeto que, creio, levará uns três anos a preparar. Há, ainda, pesquisas exaustivas a fazer.
Sobre outras temáticas que tenho nos meus apontamentos, espero publicá-las neste jornal. É o caso dos dados encontrados nos arquivos militares, cheios de detalhes sobre beneditenses que participaram na Primeira Guerra Mundial. E já que estamos a falar de exército, curvo-me perante a memória desses soldados e de outros como os que tombaram na Guerra do Ultramar. Fui, recentemente, encontrar os seus nomes gravados num Memorial na parede exterior do Museu do Combatente (Forte do Bom Sucesso), em Belém (Lisboa). Na figura do soldado José Neves presto esta singela homenagem a todos eles.
O soldado José Inácio Neves, militar do meu tempo de tropa, era natural da Venda das Raparigas e tombou na Guiné, em 1973. Mobilizado pelo Quartel de Cavalaria de Estremoz, pertencia a uma companhia de cavalaria e morreu já no final da sua comissão. O seu nome está gravado, como os de outros beneditenses, na pedra para todo o sempre.
Recordá-los é nosso dever. Nota final – não faria sentido publicar este e outros textos relativos a esta temática, num jornal do Ribatejo, porque o público-alvo não iria entendê-los. Daí, o meu regresso a este espaço.
Esta é, também, uma homenagem que eu presto a quem escreveu, de longe, o melhor livro sobre a Benedita “ Tempo Imemorial, Benedita e a sua história”- o saudoso José Luís Machado (O Zito). Homem bom, autodidata, sem formação académica superior, era muito rigoroso em termos científicos e fabuloso a interpretar textos antigos. Eu que tenho uma licenciatura em História de Portugal, aprendo sempre muito, quando leio os seus textos. Fico mais rico.

João Maurício
Professor de História aposentado

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