Desmascarar o diabo

José Maria André
Professor do I. S. Técnico

O Papa Francisco avisa-nos frequentemente dos perigos do demónio. Na quarta-feira da semana passada, dia 2 de outubro, diante da multidão de peregrinos reunidos na praça de S. Pedro, foi, mais uma vez, muito concreto:
— «Hoje assistimos a um fenómeno estranho relacionado com o diabo. Em certos ambientes culturais, julga-se simplesmente que ele não existe. Seria um símbolo do inconsciente colectivo, ou da alienação, em suma, uma metáfora. Mas “a maior astúcia do demónio é levar a crer que não existe”, como escreveu alguém. O demónio é astuto: faz-nos crer que não existe e assim domina tudo. É ardiloso!»
Toda a audiência se centrou neste tema, a alertar as pessoas para o risco que correm, que na nossa época é máximo. — «(…) O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, de ocultismo, de espiritismo, de astrólogos, de vendedores de feitiços e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas».
O Papa Bento XVI afirmou que um dos grandes méritos da missionação foi libertar as culturas pagãs de medos e bruxarias irracionais. Em vez de temerem malévolos poderes ocultos, as pessoas abriram-se ao conhecimento científico, a um mundo cheio de beleza e sentido, e compreenderam que ele é o projecto de amor de um Deus cheio de bondade.
Infelizmente, o anúncio cristão, que libertou tantos povos dos feitiços despóticos, perdeu força na sociedade ocidental e o diabo voltou a entrar. Disse o Papa Francisco na audiência: — «Expulso pela porta, o diabo voltou a entrar, dir-se-ia, pela janela. Expulso pela fé, volta a entrar com a superstição. E se fores supersticioso, inconscientemente dialogas com o diabo. Com o diabo não se conversa!».
O diabo dá-se bem com os cristãos de vida medíocre, porque os afasta de Deus sem eles se darem conta. Com os santos, esta estratégia suave não funciona:
— «É na vida dos santos, precisamente, que o diabo é obrigado a manifestar-se, a pôr-se “contra a luz”. (…) Todos os santos dão testemunho da sua luta contra esta realidade obscura, e não se pode honestamente supor que estavam todos enganados ou eram vítimas dos preconceitos do seu tempo». A fraqueza dos instintos explica em parte a maldade humana, mas há certos abismos de pura crueldade que parecem ultrapassar as tendências desordenadas e só se compreendem pelo ódio satânico contra Deus e os homens. Diz Francisco:
— «A actuação do diabo está patente (…) em certas formas extremas e “desumanas” de maldade e perversidade que vemos à nossa volta».
Ainda que seja difícil definir exactamente, diz o Papa, «onde termina a acção diabólica e onde começa a nossa própria maldade». Por isso, diz ele, «a prova mais forte da existência de Satanás são os santos», a luta que travaram para não caírem nas seduções diabólicas. Rezar, invocar a Nossa Senhora, vigiar para não cairmos em tentação… «Não deis ocasião ao diabo!» —exorta o Papa citando a carta de S. Paulo aos Efésios. Infelizmente, na nossa sociedade muitos desistiram de lutar, atrasam a Confissão e nem se dão conta de que o demónio entra de mansinho na sua alma e se instala. No Domingo 6 de Outubro o Papa rezou o terço diante da imagem de Nossa Senhora da Paz, na basílica de Santa Maria Maior. A segunda-feira 7 de Outubro foi uma jornada de jejum e oração pela paz, pedida pelo Bispo de Jerusalém e convocada pelo Papa juntamente com todos os Bispos da Europa. Aconteça o que acontecer, estamos nas mãos de Deus e Ele tem sempre a última palavra, mas estamos à beira de uma tragédia universal. Contra o ódio desenfreado, são precisos, mais do que nunca, a oração e o jejum.

José Maria André
Professor do I. S. Técnico

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