Campanha da maçã: perspectivas para 2024

Matilde Peixoto Oliveira
Estudante

A denominada Maçã de Alcobaça, marca que admite 9 variedades , 500 produtores e 22 embaladoras na zona Oeste do país, produz, anualmente, cerca de 50 000 toneladas de maçã, das quais 15% são exportadas – maioritariamente para o Brasil e Inglaterra.

Contudo, estas 50 000 toneladas, não são representativas do potencial alcançável, tendo em conta os pomares certificados na área da IGP, que se estima com um potencial para 70 000 toneladas de produção anual.

Estas quebras no potencial produtivo estão, sem surpresa, relacionadas com questões ambientais – nomeadamente com as alterações climáticas e a escassez de água que se fazem sentir na região. O seu efeito (adverso) só não é ainda mais significativo uma vez que a produção da Maçã de Alcobaça é, dentro desta cultura, a que menos água consome na Europa.

Segundo a Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), esta geração de produtores é capaz de produzir uma maçã utilizando apenas 1/4 da água usada pela geração anterior para produzir a mesma maçã. Os avanços nos métodos e tecnologias disponíveis em muito têm contribuído para que esta poupança de água seja uma realidade: com os sistemas de controlo eficientes da rega baseados em sondas colocadas no subsolo que estão ligadas a estações meteorológicas a desempenharem um papel central nesta gestão mais eficiente dos recursos hídricos.

À semelhança do que sucedeu no ano passado – em que a seca e as temperaturas mais elevadas foram responsáveis por queimaduras nas maçãs, afectando, segundo a APMA, cerca de 15% da produção -, os dados apontam que este ano a colheita da maçã poderá ficar aquém da desejada, prevendo-se mesmo que seja a colheita com a produtividade associada mais baixa da última década. Um relatório do INE dá conta que as condições meteorológicas afectaram as macieiras na Região Oeste do País, com o número reduzido de horas de frio e a instabilidade térmica a terem efeitos visíveis na floração das pomóideas, prejudicado o seu bom desenvolvimento. Consequentemente, as macieiras tiveram um número de flores reduzido face aos anos de produção normais, pelo que, tendencialmente, se antevê que haverá menos fruto.

A maçã de Alcobaça, conhecida pelo seu contraste agridoce e pela influência marítima, é uma das principais marcas do município e representa o que de melhor temos para oferecer. Simboliza, em grande parte, a vitalidade do sector agrícola e dos seus protagonistas – os agricultores. Resta-nos esperar que comece a campanha e, feita a colheita, o cenário seja mais positivo do que aquele que se prevê.

Matilde Peixoto Oliveira
Estudante

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