Urge ressurgir das cinzas. Uma vez mais Portugal é flagelado pelos incêndios. Todos os anos nos submetemos às mesmas tragédias. Perdas de vidas. Destruição de habitações e terrenos. As imagens transmitidas pelos canais televisivos fazem-nos deparar com um panorama infernal. Como é que poderemos evitar esta calamidade? Teremos necessariamente que ver o nosso país a arder todos os verões?
Num artigo de Inês Trindade Pereira, na Euronews, apresenta-se como principais causas para os grandes incêndios do nosso país a falta de biodiversidade nas florestas e o despovoamento progressivo de algumas regiões. Associadas a estas condicionantes estão as altas temperaturas, a baixa humidade e ventos fortes que se fizeram notar na semana passada. Entre as cinzas e os escombros estão pessoas concretas. Poderia ser cada um de nós. Recordamos os três bombeiros que deram a sua vida até ao fim, no incêndio de Vila do Mato, Tábua. D. Américo Aguiar, capelão nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, revela que a consciência de que a Sónia Melo, a Susana Carvalho e o Paulo Santos estão no coração de Deus deve ser hoje o nosso conforto. Agora é tempo de nos preocuparmos com quem permanece. Neste sentido, marcou-me ainda uma reportagem da CNN, em que se falava do Padre Pedro, pároco de várias comunidades em torno de São Pedro do Sul, fustigadas pelas chamas. O sacerdote referiu o absoluto abandono que viveram aquelas populações. Combateram os incêndios com a sua própria força e sem quaisquer apoios. O Padre Pedro também se juntou ao combate e ia procurando os paroquianos, como companhia paternal no meio de um verdadeiro cenário de aniquilação.
Depois da Cruz vem sempre a Ressurreição. Os primeiros cristãos utilizavam as mais diversas imagens para representar Jesus Cristo Ressuscitado. Uma delas é a da fénix. A ave que ressurge das cinzas. Que Ele nos inspire para que também nós entremos numa vida nova. Não queremos repetir os erros do passado. É hora de recomeçar.