Chegou o verão e com ele os planos de saídas com a família e amigos. Deixamos os lugares habituais do nosso quotidiano, “mudamos de ares” e recuperamos forças para retomar tudo com novo vigor. Mas mais do que um simples “dolce far niente”, este tempo tem muito que se lhe diga.
Recordo-me dos meus tempos de seminarista, em que cada ano pastoral era repleto de vida em comunidade, de estudo, de trabalho pessoal e interior e de encontro com as comunidades cristãs, que viríamos a servir como padres. Tudo de uma riqueza única, que muito me fez crescer e avançar. Entretanto, chegavam as férias. Os sacerdotes que nos acompanhavam no percurso chamavam-lhes de “o quarto período formativo”. No fundo, nada menos importante do que os três trimestres letivos com o seu itinerário e aprendizagens. Eram um tempo em que nos víamos confrontados com um novo ambiente. Importava aproveitar este tempo para fortalecer os laços familiares. Para rever algumas pessoas amigas e algumas bem necessitadas de uma palavra. Para fazer um bom passeio e contemplar belas paisagens. Refrescar a mente e o coração. De facto, um ano vivido com autenticidade e numa entrega total de nós mesmos implica um significativo tempo de repouso.
Compreendo hoje melhor a expressão de que “só avança quem descansa”, a qual tem tanto a ver com uma outra: “ninguém pode dar o que não tem”. Sem entusiasmo, o qual se vê renovado pelo repouso, os trabalhos do nosso ano nunca terão o mesmo brilho. Como nos diz o primeiro livro da Bíblia, até mesmo Deus quis fazer uma pausa após a Criação do homem e da mulher, dos animais, da Natureza, de todo o Universo (Génesis 2, 2-3). Aproveitemos então as nossas férias. Descansemos para que o que aí vem possa ser mais. E melhor.