Domando mostrengos

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Durante o mês de junho, muitos estudantes têm passado pela experiência de estudar para os exames. Recordo-me do meu exame de Português de 12.⁰ ano e dos conteúdos adquiridos. Por entre a matéria, um tesouro da poesia portuguesa se fez notar e ainda hoje o guardo religiosamente. Trata-se do poema “O Mostrengo”, que Fernando Pessoa integrou n’“A Mensagem”. Apresenta-nos o homem do leme como representação da coragem e bravura ao enfrentar as adversidades da vida.
Se criaturas monstruosas e aladas teimam em controlar os nossos passos, porque antes teimámos nós em ir mais longe, havemos de sentir-nos tremer. O medo faz-se notar, como consequência de nos excedermos. E repete-nos na mente e no coração: não podes, não consegues, não és capaz. Ao decidirmos enfrentar o medo e a tribulação, deparamo-nos com um território novo. Não paramos. Temos um propósito, um mastro que garante a solidez da nossa nau. Já não digo que seja simplesmente “El-Rei D. João II”. Alguém maior. Alguém que não passa. Ganhamos forças, inspiramos, enchemos o peito de ar e damos o passo em frente. Podemos então dizer: “Aqui ao leme sou mais do que eu; / Sou um povo que quer o mar que é teu”. Sou eu, na minha singularidade. É Cristo, que me orienta. São os meus irmãos na fé, que me sustentam na sua oração por mim. O mais belo num caminho é concluir que valeu a pena todo o empenho. Entendemos que os “Cabos das Tormentas” desta vida dão lugar à denominação de “Boa Esperança”. Como ouvi esta semana da boca de um jovem: “Creio que a nossa vida pode ser vista de facto como um mar de rosas. É necessário ter em conta que o mar é perigoso e que as rosas têm espinhos”. A perseverança no que há de melhor é sempre um prémio.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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